quarta-feira, 2 de junho de 2010

INDIFERENÇA OU TERROR?

Indiferença ou terror?
Que sentimento abrigar
quando, súbito, nos ocorre a lembrança
de que nossos melhores sentimentos,
os que queremos mais íntimos e calados,
não são mais que trejeitos e maneiras
aprendidos de autorizados mestres,
como se desde sempre universais?
Filhotes avulsos de metafísicos ventríloquos,
sentimos o que querem que sintamos,
das dores às alegrias,
da esperança ao desespero.
Sempre nos iludimos. E já agora
também iludimos.
Por isso, senhora, confesso:
quase nada sinto,
que não são propriamente meus os sentimentos.