domingo, 13 de março de 2011

OLHOS POSTOS NO CÁLCULO

Olhos postos no cálculo
das horas e das coisas
trocamos pelo meio-dia
as noites claras
de sinais e chamamentos.
O sol nos tornou cegos
o bastante
e fez que
queimássemos os anjos
e os fantasmas,
todos velhos amigos
de antigas luzes.
Dignas corujas matinais
contamos as horas
para saltar na escuridão
de lençóis brancos,
os olhos cerrados,
assustados de tudo,
assestados em nada,
somente à cata da
manhã seguinte.
Desnaturados animais divinos,
sem memória e sem asas
já não sonhamos
nem mesmo em sonhos.