segunda-feira, 13 de junho de 2011

NO TEMPO DAS ÁGUAS, A CADA ANO

No tempo das águas, a cada ano,
medra o mato,
oculta roteiros,
apaga pegadas.
Caramujos medrosos, sempre
nos detemos,
o corpo teso,
sem sequer querer saber
se essas sendas
por sob a relva
não nos revelariam
rotas antiqüíssimas,
passos passados,
restos de rastros.

Erremos, senhora,
caramujos curiosos,
por entre as ervas,
a refazer voltas e revoltas.
Logo mais, outro mato
recobrirá nossos descaminhos,
apagará as falhas
e enterrará nosso segredo
de tudo (ou de nada) ter achado.